Atendendo aos pedidos, segue texto sobre o estresse das crianças na quarentena.
O estresse é quando carregamos um peso maior do que suportamos – é o organismo respondendo à situação de conflito, tensão e de medo.
Atualmente, é comum e esperado todos se sentirem estressados – com medo da PANDEMIA, ou descrente dela. Mas, todos, certamente, temem por suas consequências. É um temor terrestre!
Nem todos aceitaram ou puderam aderir ao isolamento social. No entanto, todas as crianças tiveram as suas rotinas desmanchadas, independente de os pais estarem em casa ou não, pois as aulas foram suspensas.
O que isso pode representar para as crianças? Talvez, férias com uma roupagem diferente?
A criança entende como férias tudo que a distância da escola – divertimento, descanso, descompromisso e a companhia dos pais.
A conversa familiar é uma ferramenta muito valiosa na educação dos filhos. Neste momento, conversar com eles sobre a PANDEMIA é o ponto de partida para que sejam levados a entenderem o porquê de tantas mudanças e restrições em suas vidas. Não podem mais frequentar a escola, nem ver os avós, nem amiguinhos e tão pouco saírem de casa, no caso de a família respeitar a necessidade do isolamento social.
Na Espanha as crianças e adolescentes foram proibidos de saírem de casa. Recentemente é que flexibilizaram essa determinação.
Cada País adotou as suas regras para o enfrentamento da Pandemia. E os exemplos são muitos. Em geral é o distanciamento social.
As crianças precisam entender o porquê da quarentena. Precisam saber que a necessidade do isolamento social não está acontecendo somente com elas ou na cidade delas. Quase todos os estudantes do mundo estão sem aulas presenciais.
As perguntas das crianças refletem o grau de seu amadurecimento, revelam aquilo que estão prontas para entenderem. Portanto, procurem responder somente as perguntas que elas fizerem, mas É PRECISO CONVERSAR.
Apesar do isolamento social é essencial à construção de uma ROTINA FAMILIAR.
A presença da rotina leva a organização na vida familiar, o que pode promover na criança a percepção de que é protegida, e que os pais sabem cuidar dela, e com os quais pode sempre contar. São pais que procuram enfrentar as dificuldades que se apresentam em suas vidas, e que demonstram FIRMEZA, DELICADEZA, CRIATIVIDADE e ACEITAÇÃO na medida em que o momento exige.
Atitudes como essas podem levar a criança a desenvolver a percepção de segurança – SEGURA DO AMOR, CONSIDERAÇÃO E CUIDADOS que os pais demonstram ter por ela. Podemos nomear tudo isso como VÍNCULOS CONSISTENTES, cuja construção é essencial para o desenvolvimento emocional saudável da criança.
No entanto, diante de uma situação traumática ou estressante é natural o adulto interpretar as situações com a sua mente infantil. Com isso, pode acontecer de os pais acionarem o seu lado infantil para lidarem com as situações, afinal estão assustados com a PANDEMIA. Mas isso não significa que sejam infantis, mas podem demonstrar maior irritabilidade, impaciência,…. Sendo assim, na relação de pais e filhos fica difícil identificar quem é a criança e quem é o adulto.
Apesar de os pais e a grande parte da humanidade estarem abalados com tantas mudanças, apesar de aos poucos tentarem digerir os acontecimentos para se adaptarem a uma nova vida, apesar das incertezas – as crianças precisam enxergar a rotina em suas vidas.
A criança precisa entender que não está de férias, e sim que houve um acontecimento inesperado, e que todos da família, juntos, precisam construir uma nova rotina, e que cada um terá que fazer a sua parte, até que tudo passe.
Não tenham medo de dizerem aos filhos que não sabem a resposta de alguma pergunta que eles fizerem.
Ninguém sabe qual será o rumo dos acontecimentos. A força não está em saber todas as respostas, e sim na ACEITAÇÃO DO INESPERADO e no COMPROMISSO DE FAZER CUMPRIR O COMBINADO.
A criança demostra facilidade de adaptação, à vezes, mais do que o adulto. O que ela precisa é de REGRAS CLARAS E BEM DEFINIDAS, porém COERENTES.
Se a criança já tem adquirida a habilidade em aceitar os limites, para ela será mais fácil lidar com as mudanças.
A reunião entre a família pode ser bem interessante, onde as regras serão conversadas, e estabelecidos os horários e duração de cada atividade. Como por exemplo, definir o horário para acordar, estudar, brincar, ler, descansar, fazer as refeições, tomar banho, colaborar no serviço de casa, dormir etc.
Evitem deixar as crianças em celulares, ipades ou outras engenhocas eletrônica, pois esse descompasso entre a mente e corpo não é saudável para a criança- corpo parado e mente acelerada.
A criança precisa se movimentar e brincar, características principais da infância. Além do que, a internet é uma janela aberta para o mundo, e a criança e o adolescente não têm maturidade para o uso da internet com liberdade. É preciso cuidado!
O que vai definir se a criança terá facilidade para se encaixar à nova rotina será a atitude dos pais em acompanhar, se ela está cumprindo, o que foi combinado.
A criança somente atende aos pais quando neles enxerga a CONVICÇÃO.
Lembrem-se que cobrar não é espernear, nem gritar ou se lamentar! É a presença da força interior dos pais na condução de toda essa dinâmica.
Sei que é difícil falar em força interior em um momento como esse.
O povo brasileiro está inseguro, pela divergência nas regras que devem ser seguidas para o enfrentamento da PANDEMIA. As brigas políticas competem o cenário com o vírus – uma competição nada apropriada para o momento.
Mas, nas famílias as regras devem estar presentes, pois promove a segurança. Lembrando que, independente de como a vida se apresenta, a criança necessita de limites para poder amadurecer.
Limite não significa brigar. Limite é conseguir mostrar à criança o que ela pode o que não deve fazer, e o porquê de as coisas serem assim.
Quando a criança é levada a enfrentar os LIMITES NECESSÁRIOS, passa a experimentar a INSATISFAÇÃO de NÃO PODER SEMPRE FAZER TUDO O QUE QUER, E COMO QUER..
Essa percepção mostra à criança que ela é CAPAZ DE SOBREVIVER ÀS INSATISFAÇÕES.
Que ela é FORTE PARA SOBREVIVER AS CONTRARIEDADES.
Esse aprendizado é à base da EMPATIA – Como a criança vai reconhecer a dor do outro se não foi levada a vivenciar a sua própria dor?
Percebem a importância dos limites? É uma ferramenta necessária para conduzir a criança da fase egocêntrica para a fase altruísta, quando então, a criança consegue enxergar a importância das outras pessoas também.
Com a PANDEMIA, o que mais o mundo nos mostra é o valor que tem cada adulto que aprendeu a importância de saber cuidar de si, e também cuidar das outras pessoas.
Estamos vivendo uma situação de terror, um momento de incertezas. Esse é o nosso grande desafio, aprender a lidar com as incertezas.
Ninguém sabe nada, as respostas chegam aos poucos, a cada nascer do sol. Vamos concebendo o que nos é apresentado, conforme escolhemos entender.
Lembrem-se, essa situação não é eterna, é temporária.
Fiquem bem! Fiquem em casa!
Imagem de Pabitra Kaity por Pixabay
Muito bom!!!