Como as crianças podem compreender e obedecer aos pais que vivem apressados? É difícil, lógico!
Afinal, esses pais, quase sempre, têm o pensamento no que está por vir.
A pressa os domina, os caracteriza. Acordam apressados e , normalmente, esperam da criança agilidade no vestir-se, alimentar-se, nas tarefas escolares etc. Falam, cobram e culpam demais a criança pelo fato de a mesma não conseguir acompanhar o ritmo por eles estabelecido. “Vai logo, você está me atrasando!”” Parece uma tartaruga!” “Quanto mais pressa tenho, mais devagar você fica!” Assim não dá, vamos, vamos, vamos…!”Dificilmente, demonstram paciência para esperar pelos resultados de seus pedidos.
É aí que quero chegar – na dificuldade que certos pais manifestam em saber esperar. Atitude necessária para quem tem a missão de educar.
Devem estar pensando: “Preciso trabalhar, quem vai sustentar esta casa?” “Dinheiro não cai do céu!”” Se me atrasar, posso perder o emprego!” É lógico que dinheiro não cai do céu e que todos precisam dele para sobreviver.
Em nome dessa aflição, desse medo, não podemos desconsiderar a existência da criança.
Essa pressa, a qual me refiro, trata-se daquela que não é apresentada aos filhos, que passa por eles como vendaval. É aquela que atropela, uma vez que não tem como entender o que não foi devidamente explicado. A espera é aquela necessária e adequada à convivência com as crianças. Muito diferente da espera em que fica claro quando os filhos dominam os pais com seus intermináveis “espera um pouquinho”.
Mas, como apresentar a pressa à criança?
Provavelmente, da mesma maneira como se apresenta a ela tudo aquilo que não lhe é familiar. Ela é curiosa, quer aprender e, certamente, estará muito interessada em ouvir de seus pais o motivo da pressa.
É importante que a criança, bem cedo, aprenda a separar as coisas, não deve entender que é ela sempre a única responsável pela pressa e pelo mau humor dos pais.
A criança educada no meio de muita pressa pode demonstrar dificuldade em decifrar o amor que os pais sentem por ela. É natural buscar maneiras próprias e também inconscientes de obter uma confirmação desse afeto.
Muitos sintomas na criança, que preocupam os pais, podem representar uma tentativa de ela se comunicar com eles, de pedir socorro!
Por isso, é importante a observação atenciosa dos pais para a singularidade de cada filho.
Maravilhoso se torna pensar no infinito número de combinações de caracteres que entram na formação da personalidade da criança. Não há dois irmãos iguais. Cada um apresenta caracteres intelectuais, emocionais, sociais e outros, tão diferentes quanto a sua aparência física.
Isso nos ajuda a entender que a demanda de cada criança não é exatamente a mesma. Desde a alimentação até as necessidades mais sutis.
Como preparar-se para conhecer esse universo da criança e aprender a lidar de forma mais adequada com ela, estando sempre com pressa?
Afinal, para isso, é preciso certa dose de observação e paciência.
Imagem: Pixabay / duncanreid