As crianças superprotegidas percebem que despertam nos pais preocupação exagerada em tudo o que diz respeito à sua vida: a saúde, o comportamento, o desempenho na escola, a socialização etc.

Geralmente, um resfriado é motivo de desespero. Sereno ou gelado, nem pensar! Quanto à escola, estudam com a criança, sendo que, às vezes, fazem as tarefas e as pesquisas por ela.

Costumam realizar um verdadeiro “inquérito”. Perguntam sobre tudo aos filhos, a investigação é completa. Nada pode fugir do controle!

O pior é que esses pais não são ouvintes genuínos, interessados pelo pensamento da criança. Na maioria das vezes, têm muitas sugestões, cobranças e críticas a fazer: “Por que você não fez isso?” “Por que não falou isso?” “Mas, você deixou?” “Emprestou?” “Por que você não contou à professora?”. Enfim, são inúmeras as tentativas de dizer à criança o que ela deve pensar, sentir e fazer.

Esses pais queixam-se de cansaço e esgotamento. É compreensível, afinal, além da própria vida, vivem a dos filhos.

Será que a criança tratada dessa forma está condenada à falta de liberdade para viver como uma criança de sua idade? Até que ponto a preocupação dos pais impedirá que ela participe da própria vida? Quando terá oportunidade de aprender a realizar o que precisa?

Toda criança necessita de atenção, de saber que os pais se interessam por aquilo que ela pensa e sente. É muito importante ela se sentir entendida por eles e não perseguida.

Como encontrar esse equilíbrio nas atitudes? Pense!

Quando digo que a superproteção é prejudicial, não estou querendo dizer que a criança deve ser descuidada, largada ou deixar tudo por conta dela. É preciso encontrar o meio termo. A criança não pode sozinha carregar a responsabilidade pela sua educação. Não tem maturidade para isso!

Veja bem, tanto a superproteção quanto o descuido são extremamente prejudiciais para o desenvolvimento sadio das crianças.

Uma referência importante para verificar o desenvolvimento dos filhos é a idade cronológica deles. É fundamental observar de que tipo de ajuda precisam. Essa ajuda é total ou parcial? Ainda necessitam  da supervisão dos pais para o banho; para escolher as roupas e vestir-se; para higienizar-se; para alimentar-se; para guardar os brinquedos ou organizá-los; para os estudos e outras atividades?

É importante refletir sobre isso! Por exemplo: “Meu filho tem 6 anos ótima coordenação motora bimanual. Por que ainda não se alimenta sozinho? Também não sabe tomar banho, nunca se esfrega com a bucha, só brinca embaixo do chuveiro.  Noto que nunca tenta se vestir sozinho, parece um manequim de loja, de braços abertos, esperando que a roupa seja nele colocada. Também não guarda os seus brinquedos depois que brinca, embora saiba segurá-los muito bem.

Será que o ensinei ou fui fazendo por ele o que já poderia estar aprendendo?”.

Essa percepção é fundamental que os pais desenvolvam a fim de que ofereçam aos filhos cuidados e ensinamentos que ainda precisam.

No entanto, é importante observarem o potencial de realização de cada criança. Elas aprendem muito. Cada uma conforme a sua singularidade. Basta ensinar!

Enfim, para que se chegue ao equilíbrio, os dois braços da balança devem ter pesos equivalentes. Balança muito inclinada pode significar exagero em um dos lados.  Cuidado!!!

 

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